quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Um Novo Ano

Voltemos a incomodar o vizinho com a nossa música alta e nossos despertadores, a fechar a janela, a cortina, a porta, e a tampa da privada quando usamos o banheiro, a marcar à caneta um "x" para aqueles que têm feito as suas tarefas... públicas?... regularmente e amaldiçoando as gerações de quem não o faz , aliás... a amaldiçoar, só porque somos em tantos. A tirar o nosso mau humor da cozinha, da sala, do banheiro e deixá-lo no quarto, e se possível trancá-lo bem trancadinho evitando, assim, a fuga de todos os nossos excessos, aflições, ansias...
Voltemos a resgatar os nossos garfos, as nossas panelas, os nossos pratos e nossos panos de prato... a disputar por espaços no varal e nas prateleiras da geladeira, a ver quem chega primeiro no banheiro, na sala e na máquina de lavar roupa, a falar bom dia, oi, olá, tudo bem? tudo, e tu?, também... e por aí vai. A achar que não devemos abrir a porta quando a campainha toca, porque afinal somos em tantos... E a ficar com raiva quando abrimos a porta ao ouvir a campainha tocar, porque afinal eu to cheia de coisas importante prá fazer e somos em tantos...
Voltemos a nos reunir, a tomar decisões juntos e coletivamente, aliás, voltemos a pensar coletivamente, a comer coletivamente, a tomar porre coletivamente (mas cada um com o seu copo, ein!), a assistir a TV coletivamente, a peidar coletivamente, a ser coletivamente, a ficar com raiva e amaldiçoar o senhorio coletivamente, a achar que "eu não tenho nada a ver com isso" coletivamente, a cuidar, amar e tolerar o coletivo coletivamente... porque afinal somos em tan...

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Dois mundos

Durante um show de fado, rir é considerado falta de respeito, infração gravissima, com direito a olhares ameçadores do fadista... num chorinho de samba, falta de respeito é não se levantar para cantar junto e não achar graça!" (Berba)

"A sorrir eu pretendo levar a vida...." já diria Cartola.

sábado, 27 de dezembro de 2008

Eu não acredito, e ponto.

Que pena, então fizeram você acreditar que com as palavras não poderias dizer tudo?

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Um texto muito bonito, sem título

Que besteira... Eu preciso de alguma coisa. Preciso que alguém se sente aqui do meu lado, só se sentar, não precisa ser muito. Preciso tomar um banho bem quente pra ver se esse frio nos ossos passa, preciso tomar decisões e aceitar tudo aquilo que as escolhas implicam, preciso escrever uma carta pro meu pai porque fazem tres meses que ele fez 63 anos e eu nem sequer escrevi um email de feliz aniversário, preciso aprender melhor a gramática portuguesa e colocar os complementos nos verbos transitivos indiretos. Preciso que essa dor de cabeça infernal passe, preciso tirar aquele o fio de cabelo que está no chão, preciso pensar o meu caminho no CEM até agora, preciso me preparar para a aula da Ainhoa, preciso amar, preciso ser amada, preciso que alguém faça meu almoço amanhã porque eu vou acordar com uma puta preguiça... preciso de dinheiro para pagar o aluguel até o dia 8, preciso criar menos expectativa das coisas, preciso esperar dois minutos para a comida esquentar, e cinco dias para o ano acabar. Preciso saber se eu vou trabalhar amanhã. Preciso dormir, preciso escovar os dentes e passa o fio dental e por o aparelho. Preciso que você fique ai para eu poder estar aqui, preciso me afastar de algumas pessoas para ver se sinto saudades de mim. Preciso de encontros, explosivos, catastróficos. Preciso reler o que Deleuze disse sobre "encontros". Preciso partir. Preciso de um abraço quente da minha mãe. Preciso mudar a mesa de lugar, comprar frutas vermelhas, fazer promessa pro ano novo, me alongar, fazer todas as tarefas que eu escrevi naquele papel que preciso lembrar onde coloquei. Preciso de colo, preciso escrever mais no meu blog, e torná-lo mais visitado e talvez mudar o seu lay-out. Preciso dos dragões que moram comigo, dos morangos mofados, de uma trilha sonora, dos desesperos agradáveis, das badaladas das cinco da manhã, da bruxa, da fada madrinha, da camada de ozônio, do que não foi, perder o medo do que virá, acreditar que a terra não vai morrer, achar a máscara de carnaval que eu comprei em Veneza, que me roubem a bicicleta de novo para eu poder chorar. Preciso de um final. Feliz?

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Um apelo

Alguém pode, pelo amor de Deus, colocar um elevador no prédio? Um elevador daqueles bem velhos, bem barulhentos, para que eu possa ao menos esperar por alguma coisa!!

Obrigada

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

um corpomoto

As vezes eu queria que um terremoto acontecesse. Um terremoto daqueles bem grandes. Daí, então, eu me jogaria no chão como todas as pessoas que querem se salvar. Eu me jogaria no chão e ficaria com todo o meu corpo grudado no chão, mas não faria isso para me salvar. Faria para sentir com a minha pele o chão vibrando e partindo, e sentir as minhas próprias vísceras vibrando e partindo. Eu me entregaria ao desabar do mundo, até o rachar , até o derreter, até o evaporar...

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Uma gravidade

Peso... um peso de 54 kilos que passou a tomar conta de algumas horas do meu dia e de meus afazeres sempre tão importantes, tão necessários. Um peso que derepente nao me deixa ver televisão, secar os cabelos, checar meus emails, escolher o tom certo de batom para os meus lábios ficarem mais atraentes, que não permite que eu olhe para trás para poder te ver melhor, que não me deixa sequer poder abrir a porta do teu quarto, acender a luz e pedir que me abrace, um peso, assim tão grande que não me deixa aproximar das pessoas sem que eu as faça sentir pena de mim mesma, um peso que faz com que as berinjelas apodreçam mais cedo nas fruteiras, e faz com que apareçam aquelas mosquinhas que só aparecem quando se tem algo podre e mofando na fruteira. Um Peso que nao me deixa dietar na cama à noite sem com que eu sinta o peso da solidão no interior das minhas vísceras. Um Peso que não me deixa fazer nada do que eu preciso, necessito, penso, desejo e fantasio. Um peso que esquece de lavar os pratos depois do jantar, um peso que deixa o jantar queimar, um peso que me faz ficar dez minutos a tentar escrever essa linha.
Um Peso... de 54kg. Ou melhor, 56 kilos, confesso que engordei dois quilos nos últimos meses.


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Eu peso 54 kilos, e quanto isso me pesa! Alguém, que já imagino, pode chegar-se a mim e dizer:

"mas que disparate, a menina está tao magra! Quem me dera ter 54 kilos!". Mas os meus 54 kilos, talvez por serem meus, pesam-me 54 toneladas. Para a senhora um pouco gorda e um pouco superficial, os meus 54 kilos sao perfeitos. Para mim, sao um estorvo que nao me deixa viver em paz. Os meus 54 kilos ocupam todo o meu tempo e todo o espaço da casa. Enchem sem modos a poltrona que me faz bem à coluna, atravessam-se, como sombras, à frente da televisao, pesam-me o braço quando seco o cabelo, tremem-me os dedos quando vejo o email, retiram-me do alcance de todas as possibilidades. O peso do meu corpo é o peso da minha alma cansada. E esse peso é tao grande que me arrasto no tempo, que me impede os sonhos e o sono que me impele à preguiça e à passividade, quando eu deveria estar a passar a roupa, a alvar os pratos, a fazer a cama, a estudar os livros, a varrer o quarto, a limpar os azulejos da casa de banho... E hoje que nem sequer tomei banho, nem me depilei (há quantos dias já nao me depilo) nem limpei a pele e o tirei obaton e o rimel (ando com eles vai para duas semanas), que nem sequer pensei em pensar em mim, nao me incomodei a maçar-me comigo; com os meus 54 kilos...quero dizer, 56 kilos... confesso que engordei um pouco nos últimos dois meses...

Eu!, que nunca tive vontade de comer!

Por Miguel Ferreira

uma citação

"Vaffanculo a Dio che mi ha fatto amare una persona che non esiste"

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Uma vida de espera

Passei a vida inteira esperando. Esperando os outros, o atraso dos outros, o tempo de cada um, o namorado que nunca tive, a minha maturidade, a aula começar, o jantar, o onibus, as horas passarem, o meu pai aos domingos, tive que esperar dois meses, dentro de uma incubadeira, a vida começar por ter chegado muito cedo. Tudo isso por ter sempre chegado muito cedo pra tudo.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Uma (possivel) resposta

... onde foi que eu parei?... ah sim.... a propósito da vida...viva! viva uma longa sequencia de dias e de noites. Suporte com paciência tudo o que a sua sorte lhe infligir e assim, talvez, poderá ser recompensado pelos seus esforços. Verás que com fé e com o trabalho se chega num ponto onde a decepção não dói tanto e fica até fácil de conviver. Pois, também, um dia virá o mundo com a sua impersonalidade soberba versus a sua extrema individualidade de pessoa, mas no fim das contas serão apenas um. E poderá descansar. Descansar.
Sabe, preciso confessar-me também, às vezes eu sinto que tudo o que eu penso foi de alguma forma induzido, quero dizer... tudo o que eu penso e tudo o que eu sinto é aquilo ou efeito daquilo que já foi dito, pensado, lançado, traduzido, mastigado, perdido e daí eu me pergunto:
será que existe alguma coisa pura aqui dentro?


Desculpe-me, não era nada disso que eu tinha a falar. Não estou a responder a sua pergunta. No canto esquerdo da página existe um link: alterar a imagem de exibição. Acho que poderia começar por aí.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

un peccato!

Preferiu-se manter distância justamente quando poderiam viver até ficar com ressaca da própria vida!!!!

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Uma outra pergunta

É a doença a causa ou a consequencia de um corpo fraco?


É o vício e o luxo a causa ou a consequencia de uma vida degenerada?

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

uma pergunta

Seria o teatro épico um ponto de interrogação no meio de um romance em primeira pessoa?

domingo, 23 de novembro de 2008

uma verdade?

O dia que a mentira encontrar o Amor ela terá sido uma verdade que chegou atrasada no primeiro encontro.

citações

"Não somos más pessoas, apenas fazemos idiotices", Babel.
"Eu tenho muito amor, só não sei onde colocar isso", Magnólia.
"lembra quando me perguntou se tem alguma coisa que eu não empresto? eu já tenho a resposta" 2046.
"Acho que não precisamos nos conhecer para gostarmos uns dos outros. Talvez não seja preciso gostarmos um dos outros" O Eclipse
"Alguma certeza deve porém existir, se não a de amar bem, pelo menos a de não amar" O Eclipse
"se você nao me ama mais tudo bem, eu amarei por nós dois" Novela das oito dos anos 80.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

um encontro

Hoje, quando passaste por mim senti a minha espinha dorsal ficar gelada.
Hoje, senti uma ligeira mudança no tom da sua pele.
Hoje, o único dia que não nos vimos.

domingo, 16 de novembro de 2008

um esboço

A primeira coisa que viu quando chegou foi a luz do quarto acesa. Sorriu. Sempre quando chegava em casa e não havia ninguém, tinha a estranha sensação que alguém morrera e tinham esquecido de avisá-la. Era uma sensação recorrente, a de que um dia a esqueceriam. Já a haviam esquecido para tantas coisas,não seria de se espantar que um dia esquecessem completamente de sua banal existencia. Tão banal quanto os passos que ouve agora na cozinha, tão banal quanto o seu próprio pensamento desejando que esses passos venham até seu quarto. Mas os passos não se aproximam, passam até acabar num barulho de porta sendo fechada. Súbito, aquele pequeno alívio de encontrar luzes acesas pela casa é esquecido. Assim como ela é esquecida pelas banalidades do dia-dia, por amantes, parentes, amigos, pelos professores do primário, pelo sujeito dos olhos verde esmeralda que vira hoje pela rua, pela chuva do outro dia, pela moça do primeiro andar, por aquele rapaz que achara interessante... aos poucos, de forma quase indolor, quase porque também ela esquece... esquece daquele desconhecido de camiseta vermelha da Praça do comércio, do seu primeiro namorado, daquele cliente que vai todos os dias ao bar no qual trabalha, daquela amiga de infância que lhe emprestava a bicicleta de vez em quando, daquele mesmo rapaz que um dia foi interessante...
Então, sempre que ela sentia o peito estilhaçar com o afastar dos passos na cozinha ela fechava os olhos bem forte e pedia, pedia tanta coisa.. que no final respirava e implorava para que pelo menos as luzes sempre estivessem acesas quando chegasse em casa.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Uma devastação

Sim, pensei em acender um cigarro para ter alguma coisa nas mãos agora, mas daí eu lembrei que não sou fumante. Pensei nos desertos, lembrei que quando a gente planta apenas uma espécie de coisa sobre a terra ela acaba morrendo, vai ficando uns pontos vazios e desérticos... e esses pontos vão aumentando, aumentando até que se encontram e não páram de crescer... os desertos nunca páram de crescer. Pensei que o mundo poderia acabar, que as geleiras poderiam derreter de uma vez, a camada de ozônio poderia se transformar num imenso buraco do tamanho do universo, e que ondas de calor do tamanho do Tsunami poderiam varrer a humanidade da face da Terra. Pensei em ir pro ponto de ônibus esperar... esperar alguma coisa... sei lá... lá é tão normal esperar... mas e se eu sentir sede? lembrei que as pessoas vão para o ponto de ônibus só para esperar e não para... Pronto, é isso... eu poderia ir pro ponto de ônibus esperar que minha sede acabe. Pensei em mim esperando matar minha sede pensando num imenso lago de água potável que existe no subsolo do Saara, eu lembro que li isso uma vez em algum lugar em algum texto e não sei porque isso ficou na minha cabeça. Pensei que eu poderia ter uma camada bem grossa me protegendo e me envolvendo, que nem a camada de ozônio protegendo a Terra, e daí eu lembrei que eu poderia acender um cigarro. Pensei na minha camada de ozônio ficando cheia de furos por causa da fumaça do cigarro e lembrei das geleiras tidas como eternas começando a derreter e nas ondas de calor matando milhares. Pensei nas coisas que nunca páram de crescer e lembrei que tudo isso começou porque eu queria mesmo é ter alguma coisa nas mãos agora, alguma coisa que me envolvesse e me protegesse... sei lá... será que existem pontos de ônibus no Saara? Sim, pensei que poderia haver pelo menos um ponto de ônibus no Saara e lembrei que poderia esperar matar minha sede lá porque talvez o deserto tenha uma umidade... uma umidade que é preciso encontrar de novo. Você tem um cigarro?

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

uma coregrafia

E se eu dançasse o momento?

a) Olho ligeiramente pra a minha direita. Cruzo as pernas, bocejo. passo as mãos nos cabelos. minha lingua passeia pela boca. Coço o olho. Minha perna esquerda começa a formigar.

b) Se eu dançasse o momento seria eu daqui a setenta anos, sentada numa cadeira de rodas dentro de uma estação de trens, exatamente posta onde os trens partem e chegam. Passaria todo o meu dia alí, a ver todos aqueles destinos e a viver em todas aquelas partidas. Ao final do dia pediria que alguém me levasse para casa, assim me ne andavo via, poria una película... do walt disney... e tomaria meu belo conhaque acompanhado de chocolates da catalunha.

c) "A fermezza, é a origem do movimento" L.T.

d) Quando os olhos se acomodam para uma visão próxima, a lente do olho torna-se mais convexa, os olhos convergem e as pupilas diminuem. Enquanto isso, a imagem que é formada na retina é transformada em impulsos nervosos graças às células fotossensíveis. Eu sinto que alguma coisa vai acontecer...

e) Alguém viu os meus sapatinhos vermelhos?
f) Alguém viu meus sapatinhos de cristais?
g) eram bem parecido com os seus!

h) ! /

i) desculpa, mas eu não consigo chorar.

j) ceci n'est pas une pipe....

k) Da noi non si usa la Kappa. Mi dispiace.

l) Você tem um cigarro? é que eu queria ter alguma coisa nas mãos agora, sabe.

m) Sim. sou auto referente o tempo todo.

n) Quando dormimos a rodopsina dos bastonetes (células do olhos) se regeneram... para a visão noturna. Expostos à luz, a rodopsina desaparece da retina. Aguém está a dançar pela alvorada.

o) Preciso dançar pela alvorada. Vieni con me?

p) Preciso dançar. Momento em movimento.

q) Preciso dançar. Posso dançar você?

r) Posso dançar o ontem.

s) Primeiro eu danço, depois aqueço.

t) Muitas vezes me pego dançando o amanhã e o depois de amanhã imersa na água quente da banheira branca.

u) Danço um girassol sempre quando danço pela alvorada.

v) Danço meus pensamentos quando caminho às oito da manhã pela Avenida Almirante Reis.

x) Danço minhas células quando não danço.

z)Danço as suas palavras, danço as suas teorias, danço a sua tristeza, danço o teu cigarro, danço a tua catástrofe, danço a tua fermezza, danço as tuas reticências, danço o que não danças, porque não danças, o que danças. Eu te danço.

domingo, 26 de outubro de 2008

virgulas?

Virgulas.

"Muralhas, eu poderia ir até a muralha" pensei após vinte minutos de reticências em frente ao C.e.M. Rua dos Fanqueiros, rua da Alfândega, portal de Nossa Senhora de Lisboa, Beco do Arco Escuro... parentesis, na rua tudo tem preço. Ponto de Interrogação, para onde é a muralha.Praça D. João Câmera, um loja que vende revolwers escrito com dablio mesmo, Praça do Rossio, uma estátua que parece flutuar no ar, dia primeiro de Outubro foi um dia nacional de luta. Que luta. Ponto final. Começou a semana.

Minhas pernas doem no caminho de casa ao Cem. Um ventro frio bate em minha cara e me faz recordar que o inverno se aproxima. Lembrei-me que nunca passei um inverno na europa. Esqueci de prestar atenção às poucas flores que talvez ainda existam pela estrada. Lembrei que eu gosto do barulho que a roupa faz quando alguém a está estendendo no varal. Esqueci meu Ipod num netcafé e quando eu voltei para pegá-lo já nao estava mais lá. Lembrei das dores nas pernas e do aperto que a garganta faz quando se quer chorar. Tive saudades, saudades de coisas que ainda nao aconteceram, das conversas que nunca tive, do cheiro das flores que nunca recebi, dos telefonemas nunca feitos, dos filmes não compartilhados, saudade do que não foi. Esqueci que havia prometido pra mim mesma que não morderia mais o canto da boca. Lembrei do pequeno ardor que o vinagre provoca quando estamos com o canto da boca todo mordido. Esqueci de usar mais a mão esquerda no dia-dia. Lembrei de descascar as cenouras para a salada. Esqueci o nome de algumas pessoas que ababara de conhecer e o nome daquele performer brasileiro, daquele que se pendura em ganchos... qual é mesmo o nome dele? tava aqui... Lembrei das muralhas e que um dia eu quis ir até elas. Esqueci como se fala "jornal" em italiano. Lembrei da minha mãe me dizendo que a pele de uma mulher é o seu cartão de visitas. Esqueci de cortar as unhas. Lembrei de tudo que eu havia lido sobre biopoder e a biopolítica. Esqueci de comprar uma coberta, mas lembrei de comprar um pano de prato para a casa. Lembrei da minha fobia a ambiente cheio de pessoas que eu não conheço. Esqueci de procurar saber sobre a luta nacional do dia primeiro de Outubro. lembrei da preguiça de viver que sinto às vezes. Esqueci as dores nas pernas, as lojas que vendiam revolwers, as muralhas. lembrei das reticências e esqueci as interrogações. Lembrei do ponto. Esqueci do final.

sábado, 16 de agosto de 2008

busto, 21h30

Por que me afasto das pessoas?
Por que fujo?
Por que me escondo?
Por que peço desculpas por existir?
Por que o medo de viver?
Por que o sorriso sempre?
Por que a gentileza?
Por que o sim?
Por que me afastar?

... por nao querer lembrar quem eu sou. porque mesmo longe de alguma forma eu acabo me lembrando de mim e acabo com uma tristeza no peito, porque nao consigo ser aquela que me recordo. a trsiteza vem porque nao sei se tenho saudade dela ou se a quero deixar---
Talvez seja melhor me afastar por uns tempos para nao ter que recordar mais de mim, e assim posso depois dizer seguramente se me tenho saudade ou nao.

voce se tem saudade?

sábado, 2 de agosto de 2008

vissussitudes

Eu acho que quero escrever. Penso che devo scrivere. C'è qualcosa che non me và. 
Mi irrita a falta de humanidade. Faltam ouvidos, faltam papéis, falta tinta nas canetas, talvez restam as paredes.

Ele nao quer uma conquilina, ele quer uma concumbina. O que tem meus olhos? Que sguardo!
Veja, aqui é o armario que vc pode colocar suas roupas. Eu nao posso me esquecer de nada, nem da poesia. Hoje eu nao prestei atençao às flores na rua e pensei muito em mim. to sem coragem. lo sai che lui non fa niente a casa? loro sono sposati, lei rimane a casa tutta la giornata mentre lui lavora. Que seja doce. Che sia dolce, che sia dolce, che sia dolce... detto così sette volte per prtare fortuna. mi spiace, ma non ho voglia di uscire con te per prendere un gelato. Sim. estou procurando emprego. De qualquer coisa. Quanto vc està pedindo? Cerco affito. Posso lasciare il mio CV? Voi cercate ragazze per lavorare nell'estate? Mas meu numero de celular mudou. Desculpa, mas nòs nao somos de acordo porque a escola das criancas e a nosa familia jà possuem este numero, avise aos seus amigos de seu numero novo.
Vc acha minhas palavras pesadas? Nao é necessidade de ser amado, é necessidade de amar mesmo. Quero qualquer coisa, mas que tenha profundidade. Eu te amo. Eu te amo. Ciao More! Porque temos o mesmo ascendente e a mesma Venus. Sair com ela é brincar de ser invisivel. Amanha nao vou tirar as roupas do varal e vou imprimir um monte de coisas. Vc ta precisando do dinheiro que te emprestei?
Eu quero um abraço, me da um abraço? Embraisse moi? Semana que vem vou trabalhar todos os dias. Vc é timido ou apatico mesmo? Voces voltaram? Nao se esqueçam de mim. Tenho medo de nao poder te ver mais. Nao quero viver de migalhas e nem amar por nòs dois. Estar com vc e nao estar è la stessa cosa. Scusa ma tu vuoi che io dica la importanza di uno a zero? è finito.  

Textos antigos

Agora sò resta isto. umas cinzas batidas no cinzeiro de barro, a taça vazia e a garrafa meio cheia. algumas lembranças, algumas anotaçoes, uns acordes de piano vindos do quarto e o tic tac do relògio da cozinha. talvez o começo seja o mesmo de sempre, pois afinal, os conzeiros se enchem e as taças se esvaziam sempre da mesma forma. Pois sao apenas uma taça esperando que alguéem a encha novamente e um cinzeiro esperando que alguéem assopre as cinzas para bem longe. nada além.

textos antigos

Uma vida de sombras, um avida de parentesis, uma vida de bosta, uma vida de formiga, uma vida de reticencias, uma vida de expiraçoes, uma vida de manada, uma vida esquecida, uma vida passada, uma vida de ressalvas, uma vida de verdades, uma vida costurada, uma vida de enunciados, uma vida de resptil, uma vida de jornal, uma vida tutelaa, uma vida pscicologizada, uma vida controlada, uma vida perdida, uma vida de 30 centavos, uma vida de oscar, uma vida de papéis, uma vida de batons, uma vida de esquinas, uma vida de faròis vermelhos, uma vida de caracol, uma vida de wisky gelo e limao, uma vida de conferencias, uma vida com musica de fundo, uma vida de luzes, uma vida de capa, uma vida de borboleta, uma vida criada, uma vida que nunca existiu, uma vida sem fim.

textos antigos

Minha calça preferida rasgou hoje, meu tenis ta furado atras dos dois pares. minha bicicleta nova ta fazendo um barulho estranho. o meu condicionador da Payot acabou. Minha unha quebrou. nasceu uma mega espinha no meu rosto. o metro parou de funcionar. O Onibus nao chegou. os Voos foram cancelados. Minha barriga ta roncando. As pilhas estao descarregadas. O chocolate acabou. O Led de 10 reasi nao funciona. O telefone nao toca. A boca tà seca. a caixinha de musica nao ta funcionando. os desertos nao param de crescer. o coelhinho da pascoa nao veio.