quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Uma (possivel) resposta

... onde foi que eu parei?... ah sim.... a propósito da vida...viva! viva uma longa sequencia de dias e de noites. Suporte com paciência tudo o que a sua sorte lhe infligir e assim, talvez, poderá ser recompensado pelos seus esforços. Verás que com fé e com o trabalho se chega num ponto onde a decepção não dói tanto e fica até fácil de conviver. Pois, também, um dia virá o mundo com a sua impersonalidade soberba versus a sua extrema individualidade de pessoa, mas no fim das contas serão apenas um. E poderá descansar. Descansar.
Sabe, preciso confessar-me também, às vezes eu sinto que tudo o que eu penso foi de alguma forma induzido, quero dizer... tudo o que eu penso e tudo o que eu sinto é aquilo ou efeito daquilo que já foi dito, pensado, lançado, traduzido, mastigado, perdido e daí eu me pergunto:
será que existe alguma coisa pura aqui dentro?


Desculpe-me, não era nada disso que eu tinha a falar. Não estou a responder a sua pergunta. No canto esquerdo da página existe um link: alterar a imagem de exibição. Acho que poderia começar por aí.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

un peccato!

Preferiu-se manter distância justamente quando poderiam viver até ficar com ressaca da própria vida!!!!

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Uma outra pergunta

É a doença a causa ou a consequencia de um corpo fraco?


É o vício e o luxo a causa ou a consequencia de uma vida degenerada?

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

uma pergunta

Seria o teatro épico um ponto de interrogação no meio de um romance em primeira pessoa?

domingo, 23 de novembro de 2008

uma verdade?

O dia que a mentira encontrar o Amor ela terá sido uma verdade que chegou atrasada no primeiro encontro.

citações

"Não somos más pessoas, apenas fazemos idiotices", Babel.
"Eu tenho muito amor, só não sei onde colocar isso", Magnólia.
"lembra quando me perguntou se tem alguma coisa que eu não empresto? eu já tenho a resposta" 2046.
"Acho que não precisamos nos conhecer para gostarmos uns dos outros. Talvez não seja preciso gostarmos um dos outros" O Eclipse
"Alguma certeza deve porém existir, se não a de amar bem, pelo menos a de não amar" O Eclipse
"se você nao me ama mais tudo bem, eu amarei por nós dois" Novela das oito dos anos 80.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

um encontro

Hoje, quando passaste por mim senti a minha espinha dorsal ficar gelada.
Hoje, senti uma ligeira mudança no tom da sua pele.
Hoje, o único dia que não nos vimos.

domingo, 16 de novembro de 2008

um esboço

A primeira coisa que viu quando chegou foi a luz do quarto acesa. Sorriu. Sempre quando chegava em casa e não havia ninguém, tinha a estranha sensação que alguém morrera e tinham esquecido de avisá-la. Era uma sensação recorrente, a de que um dia a esqueceriam. Já a haviam esquecido para tantas coisas,não seria de se espantar que um dia esquecessem completamente de sua banal existencia. Tão banal quanto os passos que ouve agora na cozinha, tão banal quanto o seu próprio pensamento desejando que esses passos venham até seu quarto. Mas os passos não se aproximam, passam até acabar num barulho de porta sendo fechada. Súbito, aquele pequeno alívio de encontrar luzes acesas pela casa é esquecido. Assim como ela é esquecida pelas banalidades do dia-dia, por amantes, parentes, amigos, pelos professores do primário, pelo sujeito dos olhos verde esmeralda que vira hoje pela rua, pela chuva do outro dia, pela moça do primeiro andar, por aquele rapaz que achara interessante... aos poucos, de forma quase indolor, quase porque também ela esquece... esquece daquele desconhecido de camiseta vermelha da Praça do comércio, do seu primeiro namorado, daquele cliente que vai todos os dias ao bar no qual trabalha, daquela amiga de infância que lhe emprestava a bicicleta de vez em quando, daquele mesmo rapaz que um dia foi interessante...
Então, sempre que ela sentia o peito estilhaçar com o afastar dos passos na cozinha ela fechava os olhos bem forte e pedia, pedia tanta coisa.. que no final respirava e implorava para que pelo menos as luzes sempre estivessem acesas quando chegasse em casa.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Uma devastação

Sim, pensei em acender um cigarro para ter alguma coisa nas mãos agora, mas daí eu lembrei que não sou fumante. Pensei nos desertos, lembrei que quando a gente planta apenas uma espécie de coisa sobre a terra ela acaba morrendo, vai ficando uns pontos vazios e desérticos... e esses pontos vão aumentando, aumentando até que se encontram e não páram de crescer... os desertos nunca páram de crescer. Pensei que o mundo poderia acabar, que as geleiras poderiam derreter de uma vez, a camada de ozônio poderia se transformar num imenso buraco do tamanho do universo, e que ondas de calor do tamanho do Tsunami poderiam varrer a humanidade da face da Terra. Pensei em ir pro ponto de ônibus esperar... esperar alguma coisa... sei lá... lá é tão normal esperar... mas e se eu sentir sede? lembrei que as pessoas vão para o ponto de ônibus só para esperar e não para... Pronto, é isso... eu poderia ir pro ponto de ônibus esperar que minha sede acabe. Pensei em mim esperando matar minha sede pensando num imenso lago de água potável que existe no subsolo do Saara, eu lembro que li isso uma vez em algum lugar em algum texto e não sei porque isso ficou na minha cabeça. Pensei que eu poderia ter uma camada bem grossa me protegendo e me envolvendo, que nem a camada de ozônio protegendo a Terra, e daí eu lembrei que eu poderia acender um cigarro. Pensei na minha camada de ozônio ficando cheia de furos por causa da fumaça do cigarro e lembrei das geleiras tidas como eternas começando a derreter e nas ondas de calor matando milhares. Pensei nas coisas que nunca páram de crescer e lembrei que tudo isso começou porque eu queria mesmo é ter alguma coisa nas mãos agora, alguma coisa que me envolvesse e me protegesse... sei lá... será que existem pontos de ônibus no Saara? Sim, pensei que poderia haver pelo menos um ponto de ônibus no Saara e lembrei que poderia esperar matar minha sede lá porque talvez o deserto tenha uma umidade... uma umidade que é preciso encontrar de novo. Você tem um cigarro?

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

uma coregrafia

E se eu dançasse o momento?

a) Olho ligeiramente pra a minha direita. Cruzo as pernas, bocejo. passo as mãos nos cabelos. minha lingua passeia pela boca. Coço o olho. Minha perna esquerda começa a formigar.

b) Se eu dançasse o momento seria eu daqui a setenta anos, sentada numa cadeira de rodas dentro de uma estação de trens, exatamente posta onde os trens partem e chegam. Passaria todo o meu dia alí, a ver todos aqueles destinos e a viver em todas aquelas partidas. Ao final do dia pediria que alguém me levasse para casa, assim me ne andavo via, poria una película... do walt disney... e tomaria meu belo conhaque acompanhado de chocolates da catalunha.

c) "A fermezza, é a origem do movimento" L.T.

d) Quando os olhos se acomodam para uma visão próxima, a lente do olho torna-se mais convexa, os olhos convergem e as pupilas diminuem. Enquanto isso, a imagem que é formada na retina é transformada em impulsos nervosos graças às células fotossensíveis. Eu sinto que alguma coisa vai acontecer...

e) Alguém viu os meus sapatinhos vermelhos?
f) Alguém viu meus sapatinhos de cristais?
g) eram bem parecido com os seus!

h) ! /

i) desculpa, mas eu não consigo chorar.

j) ceci n'est pas une pipe....

k) Da noi non si usa la Kappa. Mi dispiace.

l) Você tem um cigarro? é que eu queria ter alguma coisa nas mãos agora, sabe.

m) Sim. sou auto referente o tempo todo.

n) Quando dormimos a rodopsina dos bastonetes (células do olhos) se regeneram... para a visão noturna. Expostos à luz, a rodopsina desaparece da retina. Aguém está a dançar pela alvorada.

o) Preciso dançar pela alvorada. Vieni con me?

p) Preciso dançar. Momento em movimento.

q) Preciso dançar. Posso dançar você?

r) Posso dançar o ontem.

s) Primeiro eu danço, depois aqueço.

t) Muitas vezes me pego dançando o amanhã e o depois de amanhã imersa na água quente da banheira branca.

u) Danço um girassol sempre quando danço pela alvorada.

v) Danço meus pensamentos quando caminho às oito da manhã pela Avenida Almirante Reis.

x) Danço minhas células quando não danço.

z)Danço as suas palavras, danço as suas teorias, danço a sua tristeza, danço o teu cigarro, danço a tua catástrofe, danço a tua fermezza, danço as tuas reticências, danço o que não danças, porque não danças, o que danças. Eu te danço.