domingo, 23 de setembro de 2007

um inverno

Tive um inverno sem cachecóis...

um comentário

viver... às vezes dá uma preguiça...

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

um dia ... sem final.

Um dia eu acordei e pensei é hoje!
Abri a janela, deixei o sol bater na minha cama juntamente com a brisa leve da manhã, para trazer sorte.
Me levantei, tomei um longo e demorado banho, passei hidratante, perfume, coloquei um vestido de chita, arrumei o quarto, organizei as coisas, fui à feira e comprei lindas berinjelas roxas para enfeitarem a fruteira. Troquei os tapetes, penteei o cabelo, pintei as unhas de vermelho, cor de "deixa beijar", organizei a estante dos livros, coloquei bilhetes de amantes em alguns lugares estratégicos de modo que parecessem que estavam ali por distração e não de propósito. Arrumei um vaso de porcelana chinesa para colocar as flores que provavelmente iria receber mais tarde.
Acendi incenso de cravo, escondi todos os cinzeros da casa. Separei os Cd´s e as piadas que deveria contar para quebrar o gelo, pensei de que seria interessante falar e o que não deveria jamais falar. Ensaiei poses, gestos, risadas, me olhei várias vezes no espelho só para confirmar que eu ainda existia, que eu não tinha ido embora.
Sentei na poltrona de almofada laranja e esperei. Esperei... esperei pelas rosas vermelhas que nunca chegaram, esperei até a berinjela roxa ficar rodeada daquelas mosquinhas de fruteira, até as minhas piadas ficarem sem graça para mim, até o perfume se dissipar, até o tapetes precisarem serem trocados novamente, até as unhas se descascarem, até o vento, o qual antes tinha sido uma leve brisa matinal, levar todos os bilhetinhos que eu tinha separado pela casa toda... não me olhei mais no espelho, porque não queria estar mais ali, mas, então, quem abriria a janela no dia seguinte?
Esperei, esperei que fosse doce e repetia "que seja doce" sete vezes, para dar sorte. Esperei pelo cheiro de alecrim entrando por debaixo da porta, esperei continuar esperando ali sentada junto da almofada laranja, que não sabia de nada.
Que seja doce, que seja doce... eu poderia ouvir o barulho do elevador pelo menos, para pelo menos ter alguma coisa a esperar.
Que seja doce, que seja doce, que seja doce... talvez o cheiro de cravo estivesse muito forte.
talvez o vestido não tenha sido uma boa opção. Talvez eu tenha esperado demais.

sábado, 8 de setembro de 2007

um conto de fada

Era uma vez...
numa metrópole não muito distante, uma jovem muito bonita. Era véspera de feriado e ela queria sair para dançar. Vestiu sua melhor roupa, passou o melhor perfume a melhor maquiagem, colocou o salto alto se encontrou com os amigos à meia noite, em alguma catraca de algum metrô.
Entraram na discoteca, ela bebeu um pouco, olhou um jovem que passou na sua frente e ele olhou para ela. Os dois se olharam, se beijaram, beijaram, conversaram um pouco, ele anotou o telefone dela no seu celular, se despediram, ele não ligou, ela não esperou e viveram felizes para sempre.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

uma desesperança

Foi quando eu olhei para o meu lado esquerdo e vi. Vi a moto, a bolsa com a alça quebrada, duas pernas no ar caindo vagarosamente no chão pontuada com um barulho... e tudo tão rápido, e tão lento ao mesmo tempo.
Foi quando eu olhei para o meu lado direito, e vi. Vi pessoas esperando ônibus, coversas, milk shake de ovomaltine, cigarros, telefones,risadas, discussões... tão distantes e tão perto ao mesmo tempo.
Foi quando eu olhei para o lado esquedo e vi a moto no chão quebrada, a buzina do carro, duas pernas no chão tentando se mexer, a alça da bolsa quebrada, as pernas, o asfalto segurando aquelas pernas... aquele chão, tão indiferente, inabalável, como se já estivesse acostumado a segurar tantas pernas, tantos corpos, tanto sangue, tantas dores, tantas ansiedades, tantas pressas, tantas vontades, tantas ilusões, tantos... tantas.... que tudo que lhe resta agora é ficar alheio a tudo, assim como o milk shake, o ovomaltine, o cigarro, tudo isso que leva uma vida ascética.