domingo, 31 de maio de 2009

Tratado da solidão absoluta.

Lembrei daquela tarde.
Estavam Leo e Max na rodoviária. Povera. Eu cheia de malas.Tanto calor e o telefonema do Julio ainda fresco. O banco de cimento frio.
Lembro de quando o onibus partiu, Leo e Max foram ficando cada vez menores, cada vez mais distantes. Tantas malas. Choro no peito. Certeza de que eu voltaria em breve. Certeza de que eu voltaria àquela mesma estação e estariam Max e Leo me esperando... como se nunca tivessem saído de lá, e nem voltado para seus lares, seus filhos, suas ânsias, como se tivessem perdido a chave do carro ou da casa para sempre.
Eu encostando a cabeça no banco para dormir. Eles ainda estariam lá. Tantas promessas, esperanças... O banco estofado macio.
O que será dessas lembranças quando eu tiver velha e sem memória? Pra onde as lembranças vão quando elas são esquecidas? Tudo isso se perderá no buraco negro do tempo. Como se nunca tivessem existido, como se nunca tivessem acontecido. Tantas certezas.
Acordei em Nice. Conheci um escritor argentino indo à Madri. Leo e Max ainda lá. Leo pondo as malas do ônibus, o olhar do Max ainda fresco. Estariam lá? Até eu acordar na estação de Barcelona. Até o escritor Argentino dormir no banco ao lado ao meu. Eu esperando o próximo ônibus para Madri, Nelson me esperando na estação de Lisboa, Leo e Max em esperando lá, eu, sem testemunhas e esperando um filho.

sábado, 16 de maio de 2009

a caminho

Têm dias que parece que o sangue quer sair das veias, sair pelo poros, pela pele e evaporar no ar em forma de pensamento... sólido.
Têm dias em que eu me pego interpretando a vida minuciosamente, para me salvar... de mim? do mundo?
Têm dias em que eu me torno um enigma prá mim mesma... quase sempre sou devorada.
Têm dias que algumas coisas pesam mais que outras, custam mais... ou ainda, vem à tona para jogar na nossa cara a violência que nunca será esquecida.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

eu reajo

Mudei de casa... ainda nao consegui dormir com a luz do abajur apagada.