quarta-feira, 5 de setembro de 2007

uma desesperança

Foi quando eu olhei para o meu lado esquerdo e vi. Vi a moto, a bolsa com a alça quebrada, duas pernas no ar caindo vagarosamente no chão pontuada com um barulho... e tudo tão rápido, e tão lento ao mesmo tempo.
Foi quando eu olhei para o meu lado direito, e vi. Vi pessoas esperando ônibus, coversas, milk shake de ovomaltine, cigarros, telefones,risadas, discussões... tão distantes e tão perto ao mesmo tempo.
Foi quando eu olhei para o lado esquedo e vi a moto no chão quebrada, a buzina do carro, duas pernas no chão tentando se mexer, a alça da bolsa quebrada, as pernas, o asfalto segurando aquelas pernas... aquele chão, tão indiferente, inabalável, como se já estivesse acostumado a segurar tantas pernas, tantos corpos, tanto sangue, tantas dores, tantas ansiedades, tantas pressas, tantas vontades, tantas ilusões, tantos... tantas.... que tudo que lhe resta agora é ficar alheio a tudo, assim como o milk shake, o ovomaltine, o cigarro, tudo isso que leva uma vida ascética.

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