quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Um Novo Ano

Voltemos a incomodar o vizinho com a nossa música alta e nossos despertadores, a fechar a janela, a cortina, a porta, e a tampa da privada quando usamos o banheiro, a marcar à caneta um "x" para aqueles que têm feito as suas tarefas... públicas?... regularmente e amaldiçoando as gerações de quem não o faz , aliás... a amaldiçoar, só porque somos em tantos. A tirar o nosso mau humor da cozinha, da sala, do banheiro e deixá-lo no quarto, e se possível trancá-lo bem trancadinho evitando, assim, a fuga de todos os nossos excessos, aflições, ansias...
Voltemos a resgatar os nossos garfos, as nossas panelas, os nossos pratos e nossos panos de prato... a disputar por espaços no varal e nas prateleiras da geladeira, a ver quem chega primeiro no banheiro, na sala e na máquina de lavar roupa, a falar bom dia, oi, olá, tudo bem? tudo, e tu?, também... e por aí vai. A achar que não devemos abrir a porta quando a campainha toca, porque afinal somos em tantos... E a ficar com raiva quando abrimos a porta ao ouvir a campainha tocar, porque afinal eu to cheia de coisas importante prá fazer e somos em tantos...
Voltemos a nos reunir, a tomar decisões juntos e coletivamente, aliás, voltemos a pensar coletivamente, a comer coletivamente, a tomar porre coletivamente (mas cada um com o seu copo, ein!), a assistir a TV coletivamente, a peidar coletivamente, a ser coletivamente, a ficar com raiva e amaldiçoar o senhorio coletivamente, a achar que "eu não tenho nada a ver com isso" coletivamente, a cuidar, amar e tolerar o coletivo coletivamente... porque afinal somos em tan...

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