quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Um texto muito bonito, sem título

Que besteira... Eu preciso de alguma coisa. Preciso que alguém se sente aqui do meu lado, só se sentar, não precisa ser muito. Preciso tomar um banho bem quente pra ver se esse frio nos ossos passa, preciso tomar decisões e aceitar tudo aquilo que as escolhas implicam, preciso escrever uma carta pro meu pai porque fazem tres meses que ele fez 63 anos e eu nem sequer escrevi um email de feliz aniversário, preciso aprender melhor a gramática portuguesa e colocar os complementos nos verbos transitivos indiretos. Preciso que essa dor de cabeça infernal passe, preciso tirar aquele o fio de cabelo que está no chão, preciso pensar o meu caminho no CEM até agora, preciso me preparar para a aula da Ainhoa, preciso amar, preciso ser amada, preciso que alguém faça meu almoço amanhã porque eu vou acordar com uma puta preguiça... preciso de dinheiro para pagar o aluguel até o dia 8, preciso criar menos expectativa das coisas, preciso esperar dois minutos para a comida esquentar, e cinco dias para o ano acabar. Preciso saber se eu vou trabalhar amanhã. Preciso dormir, preciso escovar os dentes e passa o fio dental e por o aparelho. Preciso que você fique ai para eu poder estar aqui, preciso me afastar de algumas pessoas para ver se sinto saudades de mim. Preciso de encontros, explosivos, catastróficos. Preciso reler o que Deleuze disse sobre "encontros". Preciso partir. Preciso de um abraço quente da minha mãe. Preciso mudar a mesa de lugar, comprar frutas vermelhas, fazer promessa pro ano novo, me alongar, fazer todas as tarefas que eu escrevi naquele papel que preciso lembrar onde coloquei. Preciso de colo, preciso escrever mais no meu blog, e torná-lo mais visitado e talvez mudar o seu lay-out. Preciso dos dragões que moram comigo, dos morangos mofados, de uma trilha sonora, dos desesperos agradáveis, das badaladas das cinco da manhã, da bruxa, da fada madrinha, da camada de ozônio, do que não foi, perder o medo do que virá, acreditar que a terra não vai morrer, achar a máscara de carnaval que eu comprei em Veneza, que me roubem a bicicleta de novo para eu poder chorar. Preciso de um final. Feliz?

2 comentários:

me disse...

Segundo o budismo nao prescisamos de nada, simplesmente estamos inventando as nossas necessidades.
Prescisamos porque nos perguntamos demais, amamos demais, odiamos demais, nos envolvemos demais. Queremos demais o que nao existe, desejamos o que nao é real. E quando conseguimos ... o que há?

amaranta disse...

... preciso de vc, pri!

beijinho (adorei o texto)

amaranta