segunda-feira, 2 de julho de 2007

uma outra vida...

Dorme sob um pedaço de espuma apoiada numa caixa e coberta por um pano de algodão. Para não doer o pescoço coloca outro pedaço de espuma forrado por outro pedaço de algodão embaixo da cabeça. Em algum momento seu sono é interrompido por um barulho agudo vindo de uma pequena máquina, a qual, neste momento, acaba se tornando o alvo de suas injúrias, como se esta fosse a culpada por todas as suas mazelas.Em movimentos de dúvida cobre o corpo com pedaços de panos coloridos, de diferentes texturas, caimentos e tamanhos tentando dar uma aparência para este corpo. Agora, com movimentos mais precisos, passa um pedaço de plástico com dentes nos cabelos, no rosto, uma pedra escorregadia que forma uma espuma quando em contato com a água, e outro pedaço de pano felpudo para se secar. Depois de uma seqüência de rituais, pega finalmente um saco de pano para guardar aqueles plásticos com dentes, pedras escorregadias que fazem espumas e todas essas coisas tão essenciais e tão desnecessárias.

Na rua, caminha até um pedaço de madeira bem alto, fincado no chão, onde se encontram reunidas várias pessoas que também usam pedaços de panos coloridos e texturizados cobrindo o corpo. Só que nenhuma se conhece. Neste local marcado pelo pedaço de madeira as pessoas coloridas fazem um gesto com a mão direita e conseguem parar uma espécie de caixa que anda apoiada sobre quatro rodas, transportando confortavelmente todas essas pessoas texturizadas para outro lugar, algumas vão sentadas, outras de pé e outras meio penduradas na porta dessa caixa que caminha sobre quatro rodas.

Depois de terem sido transportados por essa caixa de quatro rodas, ele e todas as outras pessoas coloridas entram em um local onde se produz espumas; panos felpudos, de algodão, coloridos e de diferentes texturas; plásticos; pedras; líquidos; vidros; máquinas que fazem barulhos agudos; pessoas; verdades... todas essas coisas tão essenciais e tão desnecessárias. O seu tempo é contado por uma circunferência com números e ponteiros até ser interrompido pelo barulho agudo vindo de uma pequena máquina, porém, agora essa máquina se torna alvo de toda a sua alegria, abençoando todo o seu trajeto de volta até o pedaço de espuma coberto por um pedaço de pano de algodão.

Nenhum comentário: