terça-feira, 17 de julho de 2007

um adeus

então, eu acho que a gente não tem necessidade de se amar, sabe? sei lá... acho que podemos ser sinceros um com o outro e dizer que... a gente não se gosta mesmo, que nunca se gostou, apenas nos suportamos inevitavelmente, porque de uma forma ou de outra eu dependi de você e você de mim. E nessa convivência suportada até que tentamos ser felizes, tentamos até que bastante coisas; tentamos travar diálogos, compartilhar experiencias; ver tv juntos; tentamos jantares em restaurantes; tentamos sorvetes no sotozero; caminhadas dominicais; viagens; ensinar coisas um para o outro; tentamos ser amigos e amantes; tentamos montar trilhas sonoras que foram o nosso fundo musical; tentamos piadas engraçadas; risadas; terapias; poesias; testemunhos no orkut; manter distância; ser legais; ser compreensivos; ser paciente; ser politicamente correto; a manter a espinha ereta e o coração tranquilo; nos manter sempre jovem, bacanas, dispostos, bonitos, arrumados, cheirosos, depilados, inteligentes e bem humorados; tentamos ficções; tentamos ter saudades um do outro; tentamos nos agredir menos, sermos mais educados, tentamos pedir emprestado antes de pegar as coisas do outro; tentamos cartas em envelopes vermelhos; tentamos o "por favor", o "obrigado", o "muito obrigado", o "de nada", o bom dia-boa tarde-boa noite"; tentamos '''Eu te amo"; abraços; beijos; toques, tímidos porque você nunca gostou muito que te pegassem; tentamos ter assunto todas as noites em que o silêncio era mais forte que as nossas certezas; tentamos até ter gatos em casa para espantar o mau olhado, mas você na verdade nunca gostou de gatos, nem de bicho nenhum. Ensaiamos flores no dias especiais, mas elas sempre murchavam no segundo dia, talvez pudéssemos ter posto algumas aspirinas no vaso das rosas vermelhas, dizem que assim as flores duram mais tempo. O que sobrou? Disso tudo só restou mesmo o "por favor", não! na verdade só sobrou mesmo o "favor", o favor que um faz em suportar o outro, e só... porque é só isso mesmo.
Então, admitamos o nosso fracasso, sem dramas, sem pedidos de desculpas e perdão, e apenas deslizemos sem excessivas aflições de sermos felizes.

Nenhum comentário: